segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Grupo privado processa óleo de campos marginais

A mais nova possibilidade para assegurar mercado aos pequenos produtores independentes de petróleo e gás do Recôncavo Baiano é a refinaria para processar 2,5 mil barris/dia de petróleo recém-instalada em uma planta produtora de solventes – a Dax Oil –, que opera no complexo básico do polo petroquímico de Camaçari-BA. 


A refinaria, desenvolvida especialmente para processar o óleo do Recôncavo, é dotada de uma coluna de destilação atmosférica onde serão obtidas três frações do petróleo destilado: no fundo da coluna, o
resíduo atmosférico (RAT), usado como óleo combustível em caldeiras e fornos – e volume de produção correspondente a arredondados 50% do total; no meio, um produto intermediário entre o diesel e o querosene, que poderá, entre outros usos, destinar-se como insumo nas produções de aguarrás e de compostos de asfalto, no qual atua como diluente, com produção correspondente a 25%; no topo, o restante, uma nafta bruta que poderá ser agregada na própria refinaria, transformada nos solventes lá produzidos. 


O diretor Cyro Valentini Junior informa ser a Dax Oil uma sociedade anônima fechada, projetada e implantada em 2005, com autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), para produzir solventes, via processamento de nafta petroquímica e de resíduos de hidrocarbonetos. “Mas logo começou a nossa luta pela matéria-prima, passamos por um milhão de dificuldades”, enfatizou, referindo-se, principalmente, à nafta escassa e aos resíduos de hidrocarbonetos difíceis de serem adquiridos em razão do mau uso feito pelos adulteradores de combustível. Temendo complicações, os produtores preferiam queimar tais resíduos nos seus processos. “Desde 2005, produzíamos solventes, mas com dificuldades”, resumiu. 


A solução surgiu em meados de 2006 quando, em razão da produção no recém-inaugurado campo de Manati, em águas da baía de Camamu, próximas à baía de Todos os Santos, começou a haver disponibilidade de um condensado de gás, lá extraído e conduzido para as instalações do Consórcio Petrobras-Queiroz Galvão, em São Francisco do Conde, na Grande Salvador. 

O contrato para o uso do condensado na Dax Oil foi acertado com a Queiroz Galvão, uma das empresas associadas à exploração em Manati. Mas uma exigência teria de ser atendida: o enquadramento da empresa na portaria 28 da ANP – a mesma que regulamenta o processament
dos hidrocarbonetos brutos. Assim como o petróleo e o gás natural, o condensado é um produto in natura, esclarece Valentini. A autorização finalmente foi obtida em 2008 – e o condensado logo passou a ser adquirido. Abriu-se, assim, a possibilidade de a Dax desenvolver uma linha de solventes, “comercializada com grandes distribuidores e consumidores finais, autorizados pela ANP”. Dentre esses clientes, o executivo aponta a BR Distribuidora e a IQ Soluções & Química.

Na sequência, com a mesma autorização da ANP, a Dax decidiu adquirir e processar petróleo – e assim optou por instalar sua própria refinaria, de acordo com projeto preliminar elaborado pelo pessoal do curso de pós-graduação da Escola Politécnica da UFBA. O destaque da refinaria é a coluna de destilação: são 11,5 metros de altura e 1,8 m de diâmetro, com 16 pratos valvulados. “Nós a produzimos aqui: projeto, detalhamento, montagem, caldeiraria, tudo é baiano”, enalteceu o executivo. A Dax ocupa um terreno de mais de 50 mil m².
O processo começa nos tanques de matéria-prima, onde o petróleo recebido e lá armazenado é bombeado para os trocadores de calor e em seguida direcionado para a dessalgadora, para tratamento e retirada da água salgada contida no óleo. 


Na sequência, o óleo livre de sal é direcionado para o forno de aquecimento ao qual chega com aproximadamente 210°C – e de lá sai a 370ºC, direto para a torre de destilação, onde as três frações são obtidas. O forno, com capacidade de geração de quatro milhões de kcal/hora, possui ainda um reboiller, que aproveita os gases de combustão e tem a função de reaquecer o fundo da coluna, mantendo a temperatura em aproximadamente 370ºC.

Contrato – O contrato de suprimento de petróleo que está sendo discutido com os produtores independentes considera a composição e consequente produtividade do petróleo ofertado. Constatados os percentuais contidos das correntes que serão produzidas, o preço é estabelecido – a nafta, de acordo com a cotação internacional do dia, e as outras duas frações ao preço local. Considera-se também o grau API – “quanto mais leve evidentemente mais premiado”, lembra Cyro Valentini.


Ao instalar-se na Bahia para produzir solventes, a Dax Oil, sociedade anônima de capital fechado, foi beneficiada pelos incentivos fiscais do Estado (linha Desenvolve) que, entretanto, não se estenderam à instalação da refinaria. “A atividade de refino não é beneficiada pelas vantagens fiscais”, ressaltou o executivo. Até agora, ele, que é engenheiro químico, e os dois sócios – Francisco Carlos Carvalho e Sulaimen Bittar – sustentaram o investimento com recursos próprios, “cerca de R$ 20 milhões”.


Fonte: Revista Petróleo & Energia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...