A área de Exploração e Produção da Petrobras, que já consome a maior
parte dos investimentos da estatal, vai crescer ainda mais no novo Plano
de Negócios, afirmou nesta terça-feira o diretor financeiro da
petroleira, Almir Barbassa.
De acordo com o executivo, a área de E&P, responsável por
descobrir petróleo, desenvolver campos e produzir óleo, terá
participação maior no plano de negócios da companhia, revisado
anualmente com previsões de investimentos nos cinco anos seguintes.
No plano 2010-2014 da estatal, que previa 224 bilhões de dólares em
investimentos, o percentual destinado à área de Exploração e Produção
foi de 53 por cento. No plano vigente (2011-2015), cujos valores não
mudaram significativamente em relação ao anterior, esse percentual subiu
para 57 por cento.
O executivo não soube informar para quanto poderia ir o percentual no
novo plano, que ainda está sendo elaborado e deve ser divulgado até
agosto, englobando o período 2012-2016.
"Oportunidade para crescer na produção nós temos. O desafio é
construir capacidade produtiva e colocá-la em funcionamento. Se demandar
mais recursos, (a área de E&P), terá mais recursos", disse
Barbassa, durante participação no Rio Investors Day, evento promovido
pela cidade com participação da maiores empresas do país, representantes
de governo, entre outras autoridades.
O objetivo é aumentar os esforços para elevar a produção da
companhia, que nos últimos anos cresceu abaixo das metas estipuladas
pela própria Petrobras, de 2,1 milhões de barris diários no Brasil.
Segundo Barbassa, os investimentos serão feitos tanto nas áreas do
pré-sal, cujas reservas se localizam principalmente na bacia de Santos,
como no pós-sal, principalmente na bacia de Campos, responsável por 80
por cento da produção atual da Petrobras, de 2 milhões de barris diários
de petróleo.
A área de produção de petróleo do pré-sal da Petrobras vai começar a
realizar fluxo de caixa de peso em três ou quatro anos, destacou
Barbassa.
Hoje apenas o campo de Lula, no pré-sal, está em fase de produção, com extração diária de 94 mil barris.
"Para quem olha a rentabilidade da Petrobras e reclama, é preciso ver
o grande número de projetos que ela vem realizando e que trarão retorno
dentro de alguns anos", completou.
As ações da Petrobras fecharam em queda de 3,38 por cento nesta
terça-feira, enquanto o Ibovespa encerrou com baixa de 2,73 por cento.
Já o petróleo Brent encerrou pregão em 108,41 dólares o barril, com
queda de 0,37 por cento.
Aquisições
Com o foco voltado para o aumento da produção, o carro-chefe da
companhia, portanto, não está em aquisições, lembrou o executivo.
"As aquisições em etanol e petroquímica feitas recentemente foram
realizadas para agregar valor à cadeia produtiva, mas não são o foco".
Câmbio
O executivo disse ainda que alta do dólar vai impactar os resultados
da Petrobras no segundo trimestre deste ano, já que 70 por cento das
dívidas da estatal estão na moeda norte-americana.
As dívidas expostas à variação cambial chegam a 76 bilhões de reais, disse ele nesta terça-feira.
Pré-sal
Barbassa lembrou que a perspectiva da empresa, apenas na região do
pré-sal, é chegar aos 15 a 20 bilhões de barris de petróleo
recuperáveis, já considerando os 5 bilhões de barris adquiridos junto a
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por
meio da cessão onerosa .
“Estamos muito confiantes quanto à geração de valores a partir dessa
aquisição”, disse. O diretor financeiro da Petrobras destacou que os
sete blocos envolvidos na operação de cessão onerosa (forma proposta
pela União para capitalizar a empresa) estão próximos às áreas das
grandes descobertas da Bacia de Santos. “Não há outra empresa no mundo
que tenha o mesmo conjunto de oportunidades que a Petrobras tem hoje”.
Sobre as oscilações das ações da Petrobras na Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa), respondendo diretamente aos investidores, Barbassa
disse que o retorno financeiro das ações da companhia para os
investidores virá com a maturação dos projetos em desenvolvimento.
“No final do primeiro trimestre, tínhamos R$ 160 bilhões investidos
nos projetos em curso. Estamos, portanto, em um período de grandes
investimentos. Na medida em que eles [os projetos] se tornarem
produtivos, haverá naturalmente retorno para os investidores”,
ressaltou.
Com uma carteira de investimentos de US$ 224,4 bilhões, constante do
Plano de Negócios 2011-2015, a Petrobras produz atualmente nos campos do
país cerca de 2,4 milhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás
natural) por dia. O Plano de Negócios para o período 2012-2016 está em
fase de revisão pelo Conselho de Administração da Petrobras e deverá ser
divulgado, segundo expectativa do mercado, entre junho e julho deste
ano.
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