sexta-feira, 25 de maio de 2012

Extração é cada vez mais difícil no RN

A um mês de completar três décadas de exploração de petróleo em terra, o Rio Grande do Norte se mantém como o estado brasileiro com maior produção nesse tipo de operação. Apesar do grande volume, que ultrapassou os 51 mil barris diários em setembro, produtores que atuam no estado afirmam estar cada vez mais difícil extrair petróleo do solo potiguar. E isso faz com que aumentem os custos. Um dos indícios desse aumento é que a Petrobras, maior empresa do setor, está investindo R$ 1,4 bilhão na área de Exploração e Produção (E&P) no Rio Grande do Norte durante o ano de 2009, um aumento de 16%, em comparação ao ano passado, quando a empresa dedicou de R$ 1,2 bilhão para estas áreas de atuação.

O diretor da empresa Aurizônia e também diretor da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Renato Darros, diz que o aumento de custos reflete a composição de vários itens essenciais à produção, como a segurança com o monitoramento das instalações de produção, despesas de mão obra, deslocamentos, alimentação, locação de máquinas e equipamentos, controles de laboratório e produtos químicos para tratamento de óleo e água, combustível. 

De acordo com Darros, os custos com transporte subiram 30% e com dissídio trabalhista, o aumento foi de 10%, entre os anos de 2007 e 2008. “O aumento dos custos se insere na composição de muitos itens em uma carteira de produtos, bens e serviços, que em mercados competitivos, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, diminuíram dramaticamente. Mas no Brasil, em função das demandas da Petrobras, estes preços não foram reduzidos proporcionalmente à queda do preço do barril de petróleo”, avalia.

Mesmo sem especificar valores, o gerente geral de exploração e produção da Petrobras no RN e CE, Joelson Mendes, confirma o aumento nos custos de produção, apontando a alta dos preços dos equipamentos utilizados como uma das principais causas. Segundo ele, o valor médio do óleo se manteve elevado durante a maior parte de 2008, em torno de US$ 100 por barril, provocando a elevação em todos os insumos da indústria, como sondas, tubulações e demais equipamentos. “Em época de grande desenvolvimento, e está parecendo que vamos entrar em uma dessas novamente, ocorre a elevação ainda dos custos de serviço, bem como o custo unitário de produção. Não tem jeito”, completa o gerente de exploração e produção.

Entretanto, Joelson Mendes deixa claro que se a empresa continua investindo no estado é pela atividade ainda ser rentável. Questionado se ainda valerá a pena investir em exploração no território potiguar por muito tempo, Mendes enfatizou que o planejamento da Petrobras é feito para um intervalo mínimo de 20 anos e se atualmente há exploração, a produção deverá durar por pelo menos mais esse período.

Investimentos

Para dar ideia do valor que a estatal vem investimento no Rio Grande do Norte, o gerente geral Joelson Mendes cita a existência de um projeto voltado a possibilitar a injeção produtiva de vapor nos campos de Alto do Rodrigues e Estreito, no qual foram investidos US$ 200 milhões e já deverá entrar em operação durante este mês.

Também de acordo com o  gerente de exploração e produção, no campo de Canto do Amaro está sendo aplicado um total de US$ 500 milhões em outra iniciativa que visa aumentar o fator de recuperação dos poços. “No Canto do Amaro, que é um campo antigo, estamos investindo na injeção de água, através de um projeto cuja implantação já foi iniciada, também considerando uma curva de produção de 20 anos”, conta Joelson Mendes.

Campos do Estado já são maduros


O gerente geral de exploração e produção da Petrobras no RN e CE, Joelson Mendes, explica que o petróleo e o gás são fluidos armazenados no interior de uma rocha. “É como se fosse uma esponja rígida, e a gente consegue tirar 30%, 40%, ou quando muito, 50% de fluido dessa rocha. O restante, por mais que utilizemos determinados métodos, não terá mais energia para sair lá das profundezas da terra e chegar até a superfície”, completa

Mendes destaca que o termo técnico relativo à retirada desses fluidos é fator de recuperação e à medida em que ocorre a produção passa a existir a necessidade de utilização de técnicas para aumentar a recuperação. “O fator de recuperação corresponde ao percentual de petróleo e gás que eu consigo tirar do reservatório. Para aumentá-lo, podemos  injetar água, vapor ou gás, para aumentar a pressão”, afirma.

Esses métodos são muito utilizados nos campos potiguares, uma vez que a maioria deles é considerada madura, por já terem atingido seu pico de produção. De acordo com Mendes, após a delimitação de um campo de produção, tem início a retirada de energia daquele reservatório e ele passa a ser classificado como maduro quando seus poços já atingiram o maior volume esperado e a produção passa a decrescer. “O petróleo e o gás estão sob pressão e à medida em que vamos produzindo, começa a diminuir aquela energia natural, passando a ser necessário um equipamento de bombeio mecânico para ajudar na retirada do fluido da rocha reservatório e é por isso que vemos vários desses equipamentos aqui na paisagem do RN”, conta o gerente geral de exploração e produção.

No território potiguar, existem cerca de 60 campos de produção, de diversos tamanhos, ainda considerados economicamente viáveis. “Com a variação do preço do petróleo e o estudo de várias outras técnicas de produção ao longo dos anos, às vezes vale a pena fazermos novos poços naquele mesmo campo antigo e tentar recuperar uma quantidade maior de petróleo”, conclui Joelson Mendes. 

Histórico

A atividade de Exploração e Produção no RN foi iniciada em 1951, com o mapeamento sísmico preliminar da geologia local. O primeiro campo descoberto foi o de Ubarana, na costa de Guamaré, em novembro de 1973. Esse campo entrou em operação no dia 16 de junho de 1976, marcando o início da produção de petróleo no Estado. 

A descoberta de óleo em terra ocorreu três anos depois, de maneira inusitada. Um poço perfurado para abastecer de água quente as piscinas do Hotel Thermas, que estava sendo construído em Mossoró, produziu óleo. A Petrobras foi chamada e constatou que a substância era realmente petróleo. 

Neste hotel, em dezembro de 1979, entrou em operação o primeiro poço em terra do estado, o MO-14. A partir daí, a produção potiguar de petróleo, antes limitada às águas rasas, diversificou seu perfil e ganhou novo fôlego. Este poço pioneiro permanece em atividade, mas hoje é movido por meio de energia solar, e é uma das atrações do hotel, por estar situado ao lado das piscinas de águas termais.

As perfurações de poços terrestres foram intensificadas no início da década de 1980. Em 1994, o RN passou a ser o maior produtor terrestre do Brasil. 

Desativação está prevista para 2026

Com uma área de 85 quilômetros quadrados, Canto do Amaro é o maior campo terrestre produtor de petróleo do Brasil. O primeiro poço perfurado em sua área foi descoberto em novembro de 1985, cuja produção comercial teve início em janeiro do ano seguinte.  Depois de 12 anos, em janeiro de 2007, foi iniciada a produção do milésimo poço desse campo. Atualmente, a perfuração de poços na área ainda é frequente, devendo continuar até meados de 2015 e,  de acordo com a Petrobras, sua desativação está prevista para 2026.

Hoje, existem 1.641 poços produzindo no Canto do Amaro, por meio de bombeio mecânico, bombeio de cavidade progressiva ou bombeio centrífugo submerso. “O método de produção é definido levando em conta características como vazão, tipo de óleo e profundidade do poço. Mas a grande maioria, em torno de 95%, é por bombeio mecânico”, afirma o supervisor de operação Paulino Bernardo da Silva.

O supervisor de operação explica que o óleo produzido no campo escoa através de linhas de surgência até as diversas estações coletoras, sendo enviado em seguida para a estação central de Canto do Amaro. Além disso, cerca de 90% dos poços possui um sistema de automação, que repassa informações aos operadores, em tempo real.

Paulino conta trabalhar em Canto do Amaro há mais de 18 anos e perceber um avanço enorme na eficiência de processos de manutenção dos poços, desde a instalação destes equipamentos. “Antigamente, se houvesse uma queda de tensão, tínhamos que verificar todos os poços. Hoje, a gente já vai para o campo sabendo quais poços estão com problemas, em que consiste e qual o profissional mais indicado para solucioná-lo”, exemplifica.

O Campo de Canto do Amaro está situado nos municípios de Mossoró e Areia Branca, localizado a uma distância de 20 quilômetros do centro de Mossoró e 260 quilômetros de Natal.

Bate-papo: Joelson Mendes - Gerente geral da Petrobras do RN e CE

Como é, atualmente, a produção de petróleo de gás no RN?
Temos em torno de 60 campos de produção no RN, de diversos tamanhos, e a grande maioria já está maduro, o que significa que  já atingiu o pico de produção. Nossa produção gira em torno de 65 mil barris.

De que forma são analisados os custos de produção de petróleo?
Quando falamos em custo de produção, o principal é o custo unitário. Ou seja, a comparação entre a quantidade de dinheiro investido e o volume produzido, que geralmente é uma medida em dólar e por barril produzido. O preço internacional hoje, de venda, está na ordem de grandeza de US$ 75 dólares por barril.

Os custos de produção aqui no estado têm aumentado?
Sim, certamente. O preço médio do petróleo na maior parte do ano passado foi bem alto, da ordem de US$ 100 por barril. Isso provocou aumento de todos os insumos da indústria do petróleo, como sondas e tubulações, elevando os custos de serviço, bem como o custo unitário de produção.

Ainda valerá a pena investir na atividade no RN, por muito tempo?
A maioria dos nossos projetos é feita olhando para um horizonte de 20 anos e enquanto estivermos investindo no estado, pode considerar que estaremos produzindo por, no mínimo, mais duas décadas.

Não há risco de que os investimentos no RN parem por causa de  descobertas, como o pré-sal?
Na realidade, o pré-sal é uma oportunidade fantástica para o país, que certamente compete em recursos para serem investidos em outras áreas. Mas temos o compromisso de permanência de desenvolvimento em todos os estados onde atua.


Fonte: Tribuna do Norte

2 comentários:

  1. QUEM SAO OS OPERADORES DA REGIAO

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  2. GLOBAL ENERGY E GAS
    SOU FABRICANTE DE EQUIPAMENTO DE PRODUCAO
    GOSTARIA DE SABER QUEM SAO OS OPERADORES NA REGIAO

    CONTATO MMONTEIRO@GLOBALWINC.COM

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