quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Uma luz no fim do túnel

A decisão da ANP de abrir à consulta pública os dados técnicos de suas últimas áreas maduras na Bacia do Recôncavo, na Bahia, está trazendo novo ânimo ao mercado dos pequenos produtores. Embora a qualidade das 17 áreas sob poder da agência seja considerada muito baixa, a mensagem a reboque da ainda incerta retomada das chamadas “rodadinhas” vai muito além da realização de um novo processo. É na verdade um sinal de que há luz no fim do túnel para quem já investiu e para quem ainda pretende ingressar nesse mercado, carente de volume e continuidade.
A possibilidade de um novo leilão – o terceiro voltado exclusivamente à venda de campos marginais – surge quase seis anos após a realização do último processo, em julho de 2006. A realização da “rodadinha”, porém, está condicionada à nominação de interesse, aberta no fim de setembro e disponível às empresas no site da ANP.
O processo, conta Paulo Alexandre Souza da Silva, superintendente de Desenvolvimento da Produção da agência, somente será deflagrado caso haja pelo menos três manifestações para uma mesma área. “Estamos sondando a resposta do mercado a uma eventual rodada no Recôncavo, autorizada pelo CNPE em 2008. Se houver interesse mínimo, ofertaremos essas áreas”, confirma Silva.
Até  02/11, 11 empresas já haviam demonstrado interesse à ANP. O órgão regulador não informa o nome dos grupos, mas adianta que duas das companhias já estão instaladas no Brasil e que a outra tem interesse em ingressar no setor.
Mesmo que haja novas demonstrações de interesse, as chances de a licitação ser promovida ainda em 2011 são mínimas, tendo em vista que o tempo para viabilizar um novo processo é de dois a três meses, no mínimo. Assim, se tudo der certo, a tendência é que o órgão regulador agende um novo leilão possivelmente ao longo do primeiro trimestre do próximo ano.
Pressão na Petrobras
O novo leilão é uma última tentativa da ANP de comercializar essas áreas do Recôncavo e zerar seu pacote de ativos na região. Os campos que permanecerem sob a tutela da agência serão entregues à Petrobras para arrasamento.
Sem áreas na região em seu poder para serem licitadas, fontes da ANP acreditam que será mais fácil sensibilizar a Petrobras e o governo da necessidade de devolução de campos marginais sob tutela da petroleira. “Com o estoque zerado, não há questionamento sobre a premência de a ANP ter novas áreas marginais para serem leiloadas aos pequenos produtores brasileiros”, aposta uma fonte da agência.
Concluída essa etapa, a estratégia da ANP será concentrar forças em dois focos: assegurar a devolução de novas áreas e buscar nova autorização do CNPE para a realização de uma nova rodada de campos marginais.
Marginais dos marginais
Apesar de a perspectiva de um novo leilão animar o mercado, as 17 áreas devem atrair um tipo muito específico de empresa. Diante do porte desses campos, a expectativa é de que participem micro e pequenas empresas interessadas em investir no setor petróleo.
O fato é que os campos sob consulta são considerados desinteressantes pela maior parte das empresas já instaladas no país. Algumas áreas foram descobertas nas décadas de 40 e 50 e nunca produziram uma só gota de petróleo ou molécula de gás. Há o caso do campo Caractu, fechado há 27 anos.
Todos os campos do Recôncavo sob poder da ANP foram descobertos pela Petrobras e devolvidos, na maioria, em 1998, quando o monopólio do petróleo foi quebrado. Os campos de Pitanga, Fazenda São Paulo e Rio Uma foram arrematados nas rodadas realizadas pelo órgão regulador, mas foram devolvidos.
De acordo com estudos da agência, alguns dos poços localizados nas 17 áreas têm capacidade para produzir até 10 barris/dia de óleo e 5 mil m3/dia de gás. No entanto, o volume de água produzido chega a representar, em alguns casos, 90% do fluido extraído. O custo de reabilitação por poço deve oscilar entre R$ 400 mil e R$ 500 mil.
Além dessas áreas no Recôncavo, a ANP mantém em seu portfólio cerca de 30 campos marginais localizados nas bacias do Espírito Santo, Potiguar e Sergipe-Alagoas.

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