sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cenário complicado para os independentes

Reportagem publicada na edição atual (nº82) da revista TN Petróleo

De acordo com a Associação Brasileirados Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), 2011 foi um ano difícil para os produtores independentes. Anabal SantosJr., secretário executivo da associação, assinala que o mercado dos independentes foi muito prejudicado pela discussão do pré-sal, que monopolizou as ações das autoridades do setor de petróleo e gás e as questões relativas ao mercado terrestre não foram priorizados. “Sem dúvida, houve um retrocesso. Costumamos dizer que em 2011 tivemos um apagão para o setor de petróleo e gás natural em campos terrestres. Não tivemos nenhuma rodada de licitação, tivemos perda significativa de produção, algumas empresas reduziram seus quadros por força da falta de perspectiva para o setor”, observa.
Outro ponto negativo de 2011 apontado pelo executivo foi o desfecho que se pretendeu dar à Oitava Rodada. Anabal explica que os blocos localizados nas áreas terrestres na Bahia (Bacia de Tucano), que foram licitados antes de a referida rodada ser interrompida, ainda não tiveram seus contratos assinados. E já houve rumores de que também serão afetados pelo cancelamento da rodada, mesmo sendo áreas terrestres e, portanto,sem nenhum relação com o pré-sal.
Atualmente, os independentes produzem cerca de 500 bbd, mas em 2009 já chegaram a 2.000 bbd. O secretário executivo da Abpip explica que a comercialização do óleo produzido pelos independentes continua sendo um entrave para o segmento. “Graças à implantação da Dax Oil, refinaria privada localizada na Bahia, tivemos um canal de alívio para enfrentar a dificuldade, mas é uma solução difícil para campos localizados em áreas mais distantes, como as do Rio Grande do Norte e do Espírito Santo, onde o óleo tem que trafegar em estradas rodoviárias por quase 2.000 km para ser comercializado”, conta.
Anabal comenta que seria muito importante que a política de fomento para pequenas e médias empresas (PME) aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) fosse sancionada pela Presidência da República, pois lá estão mapeados os gargalos e o encaminhamento para as soluções dos mesmos.
Atualmente, há muita incerteza no mercado, pois dá uma sensação de que o Brasil ainda não decidiu que modelo assumirá para explorar e produzir pequenos campos e blocos terrestres. “É lamentável que não haja uma percepção por parte do Governo Federal dos benefícios que este setor pode criar para as regiões pobres do Nordeste onde se localizam tais campos”, enfatiza.
A Abpip defende a importância dos leilões de campos marginais para o segmento.
De acordo com a associação, essa é a porta de entrada do pequeno produtor. Além disso, a continuidade dos leilões é outro aspecto que sustenta o mercado com entrada de novos agentes, e ampliação de portfólio dos agentes existentes, que vão gerar negócios e empregos e renda.
Anabal ressalta ainda que a indefinição em relação aos leilões de novas áreas, inclusive do pré-sal, impacta não apenas os produtores independentes, mas todo o país. “As empresas de petróleo precisam renovar seus portfólios e seu planejamento é de longo prazo, na medida que as regras no Brasil não são claras e os leilões não têm uma regularidade. Assim, as empresas se preparam para participar de leilões em outros países. Afinal, o mundo não vai parar pelas indefinições do Brasil”, pontua. Para a Abpip, os leilões em novas áreas terrestres são indispensáveis se o Brasil quiser conhecer os outros 95% das bacias que
se encontram inexplorados.

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