A exploração de petróleo e gás em águas profundas será ampliada no
Ceará. Duas novas perfurações estão previstas para agosto e setembro
deste ano. Em maio último, a Petrobras iniciou a perfuração de poços a
1.400 metros de lâmina d´água, conforme divulgou o Diário do Nordeste
com exclusividade, na edição de 16 de maio deste ano.
Era a primeira exploração em água profundas. A sonda Ocean Courage
SS-75, da estatal petrolífera, começou a operar no poço exploratório
Pecém bloco BM-CE-2, situado na Bacia do Ceará, localizado a cerca de 76
quilômetros de Paracuru.
Novas investidas
Segundo informou ontem a assessoria de imprensa da Petrobras, na Bacia
Potiguar, também no Ceará, no bloco BM-POT-16, a previsão de início da
perfuração é agosto de 2012.
No bloco BM-CE-1, a ser perfurado no Estado do Ceará, a expectativa é que a operação seja iniciada em setembro de 2012.
De acordo ainda com a nota da estatal divulgada ontem, "o investimento
total para perfuração dos poços depende das condições operacionais e dos
testes a serem realizados, mas devem ser de aproximadamente R$ 200
milhões". Segundo a estatal informou em nota, em maio, a primeira
exploração tinha duração estimada de quatro meses.
Exploração esperada
De acordo com o presidente do Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros dos
Estados do Ceará e Piauí), Orismar Holanda, este tipo de perfuração
estava previsto "há muito tempo". "E sempre foi adiada por conta das
questões ambientais", disse ao Diário. "Essa perfuração deve-se a um
trabalho do sindicato, que realizou uma reunião com o governador Cid
Gomes em abril. Citamos a necessidade de investimentos da Petrobras no
Estado, um deles era essa perfuração que nunca saía porque não tinha
licença do Ibama".
Cronograma atrasado
Em outubro do ano passado, a Petrobras garantia começar a exploração em
água profundas ainda em 2011. A informação era de que seriam quatro
poços. Adquiridos na terceira rodada de licitações da Agência Nacional
do Petróleo (ANP), ocorrida no ano passado, os poços estão localizados
na Bacia do Ceará, nas concessões chamadas BM-CE-1 e BM-CE-2. No intuito
de definir a área onde os poços seriam perfurados, a empresa realizou
estudos com análises de dados geológicos e geofísicos na bacia,
concluídos no primeiro trimestre do ano passado, e que indicaram a
presença de petróleo líquido, além de não descartarem a possibilidade de
presença de jazidas de gás natural. O prazo de concessão concedido no
pleito à estatal foi de oito anos, mas teve prorrogação até o ano de
2013. Atualmente, a Petrobras possui no mar cearense os campos de
Curimã, Atum, Espada e Xaréu, todos classificados como rasos e
localizados também na Bacia do Ceará, em parte no litoral de Paracuru.
De acordo com informações anteriores da estatal, os dados da perfuração
serão "imediatamente comunicados à ANP, respeitando os prazos legais".
Resultados
Para Orismar Holanda, qualquer previsão sobre o resultado da exploração é
"mera especulação". Ele, no entanto, não descarta a possibilidade de
que seja encontrada uma camada de pré-sal, que refere-se a águas
ultraprofundas. "Mas isto não é o que está previsto", afirmou. "O que
estão procurando é petróleo e gás em águas profundas. Nada indica a
existência de pré-sal".
Mas, se confirmada a possibilidade, a descoberta vai "mudar a economia
do Estado", segundo o gestor do Sindipetro. "Se encontrar óleo e gás, o
projeto se completa, dependendo da análise, e da viabilidade econômica,
será colocada uma plataforma ou navio", disse. "A viabilidade econômica
depende da quantidade e qualidade da jazida. Se for algo que cubra
despesas da exploração e dê lucro, será explorada".
Meta de produção fica 23% menor
São Paulo. A meta da produção de óleo, LGN (líquido de gás natural) e
gás natural da Petrobras, no Brasil e no exterior, para 2016 é de 3,3
milhões de barris por dia (boe/dia), sendo 3 milhões de boe/dia no
Brasil e o restante no exterior, de acordo com o Plano de Investimentos
da Petrobras. No Plano divulgado no ano passado, essa meta era de 3,7
milhões, 23% superior à nova apresentada.
A queda prevista na produção para 2020, de acordo com o novo plano, foi
de 11%. Passou a 5,7 milhões de barris de óleo e gás diários, contra os
6,4 milhões previstos pelo plano do ciclo 2011-2015. Para os próximos
dois anos, foi mantida estável, mesmo com investimentos robustos. "A
perspectiva de aumento da produção somente em 2014 leva investidores a
questionar por que deveriam comprar ações da empresa agora", disse o
analista Marcus Sequeira do Deutsche Bank, em relatório.
Em relação à produção de óleo e LGN no Brasil, a expectativa da
petroleira é de alcançar uma produção de 2,5 milhões barris por dia em
2016. O maior crescimento da produção é esperado para ocorrer a partir
de 2014, com expectativa de crescimento entre 5% e 6% ao ano para o
período 2014-2016. Para os anos de 2012 e 2013, a expectativa é de
manutenção da produção em linha com o nível de 2011 (+/- 2%).
"A nova curva de produção está baseada na revisão da eficiência
operacional dos sistemas em operação na Bacia de Campos e no cronograma
de entrada de novas unidades ao longo do período do Plano. Estamos
implantando o Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de
Campos e uma contribuição maior para a produção está prevista para
ocorrer a partir de 2016, com a entrada de diversas novas unidades no
pré-sal da Bacia de Santos e na área da Cessão Onerosa", informa a
empresa.
Exterior em 2º plano
O Plano de Negócios 2012-2016 prevê que apenas 2,5% do investimento
total de US$ 236,5 bilhões a ser feito pela empresa no período será para
operações internacionais. O montante previsto para o exterior, de US$ 6
bilhões, corresponde a um desembolso médio de pouco mais de US$ 1
bilhão por ano até 2016.
No ano passado, essa participação já era pequena, de 5%. O valor a ser
investido, de US$ 11,2 bilhões, contudo, era mais de 80% superior ao
previsto no novo plano.
Estratégia
Os números reforçam a intenção da Petrobras de ter participação cada vez
menos expressiva no mercado externo. Até 2016 a companhia prevê captar
US$ 14,8 bilhões com a venda e reestruturação de ativos.
As operações de venda terão "foco" em ativos estrangeiros, conforme
destacado pela própria estatal. O valor previsto de desinvestimentos
entre 2012 e 2016 é superior à estimativa anunciada no ano passado para o
período de 2011 a 2015, de US$ 13,6 bilhões.
Redução
2,5% dos investimentos da Petrobras ficarão com os projetos da empresa
no exterior. No ano passado, essa participação era maior: 5% do total
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário