Algumas operações petrolíferas ou de extração de gás que implicam a
injeção de água subterrânea podem causar terremotos, embora o risco da
técnica de fratura hidráulica seja geralmente baixo, destacou na última
sexta-feira (15/6) um relatório científico publicado nos Estados Unidos.
O estudo do Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos
descobriu que o risco sísmico mais significativo está relacionado com a
injeção secundária de águas residuais no subsolo para extrair vestígios
de hidrocarbonetos de uma jazida de petróleo. Além disso, uma técnica
denominada Captura e Armazenamento de Carbono (CCS, na sigla em inglês),
que tem como objetivo reduzir as emissões de dióxido de carbono na
atmosfera através da captura, liquefação e injeção subterrânea de
grandes volumes de carbono, "pode potencialmente induzir grandes eventos
sísmicos", destacou o relatório.
No entanto, a fratura hidráulica, técnica que permite aumentar a
extração de gás e petróleo do subsolo e que esteve sob intenso
escrutínio dos ambientalistas, não é, segundo o estudo, um fator de
risco de tremores suficientemente fortes para ser percebidos pelas
pessoas, acrescentou.
"O processo de fratura hidráulica tal como se aplica atualmente para a
recuperação de gás de xisto não representa um alto risco de indução de
eventos sísmicos que possam ser percebidos", destacou o informe.
Há 35.000 poços de gás de xisto nos Estados Unidos atualmente e só
foi reportado um caso no mundo em que a fratura hidráulica de gás de
xisto foi confirmado como causador de terremotos em áreas próximas.
Este caso foi na área de Blackpool, na Inglaterra, em 2011. A fratura
hidráulica causou um terremoto de magnitude 2,3 em abril e outro de
magnitude 1,5 em maio, destacou o informe.
Vinte casos possíveis foram documentados nos Estados Unidos e outros 18 no mundo.
"A atividade humana, inclusive a injeção e extração de fluidos da Terra, pode induzir a eventos sísmicos", destacou o relatório.
"Embora a grande maioria destes eventos tenham intensidades
inferiores às que podem ser percebidas pelas pessoas que vivem
diretamente no local da injeção do fluido ou de extração, existe um
potencial para que ocorram sismos importantes que podem ser percebidos e
causar danos e preocupação pública".
Um fator chave no potencial para causar um terremoto parece estar
relacionado ao equilíbrio entre o líquido introduzido no subsolo e que
logo é retirado e as tecnologias que controlam este equilíbrio são as
melhores, explicou.
Enquanto a técnica de CCS consista em injetar grandes volumes de
líquido para um armazenamento prolongado e possa causar grandes
terremotos, não há projetos em grande escala em andamento, razão pela
qual é difícil avaliar o risco real.
"Não existe informação suficiente para compreender este potencial
porque não há projetos em grande escala de CCS em funcionamento. É
preciso mais investigação sobre o potencial de sismicidade introduzida
em grande escala de projetos de CCS", destacou o informe.
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