GÁS DE XISTO TEM FUTURO PROMISSOR
Apesar
do baixo investimento, o País tem potencial para se transformar no
segundo maior produtor de gás proveniente das rochas de xisto (shale
gas) das Américas, ficando apenas atrás dos Estados Unidos, segundo
relatório do Instituto de Energia da KPMG Global.
A consultoria
se baseia em um levantamento da Agência Internacional de Energia (AIE)
sobre reservas estimadas dessa fonte energética, no qual o Brasil
aparece em 10.º lugar no mundo. Os três primeiros líderes em
disponibilidade projetada são China, Estados Unidos e Argentina.
"O Brasil tem uma reserva importante de shale gas e deve considerá-la
em uma política de mercado envolvendo todas as matrizes energéticas.
Isso deve constar no planejamento de médio e longo prazos", diz Manuel
Fernandes, sócio da KPMG na área de Óleo e Gás.
De acordo com
ele, ainda não foi dada a devida atenção ao shale gas porque há muito
foco nas reservas tradicionais. "O gás do pré-sal terá de ser
processado, há todo um investimento a ser feito", comenta.
Contudo, ele acredita que o governo federal deverá colocar mais ênfase
nessa discussão daqui para a frente. "O governo não pode desprezar essa
questão. A presidente Dilma Rousseff sabe a complexidade que é garantir
energia de boa qualidade em todos os cantos de um país continental."
No mundo, os Estados Unidos já utilizam o gás proveniente das rochas de
xisto em escala comercial. Alguns países do Leste Europeu também têm
produzido comercialmente, embora em pequenos volumes.
O estudo
da KPMG mostra que, na América do Sul, o governo argentino é o que tem
dado maior atenção ao tema e o país concentra mais investimentos.
Segundo a consultoria, a China, por sua vez, conta com um plano
estratégico do governo e tem fechado parcerias com empresas americanas
para adquirir tecnologias e, assim, reduzir a dependência de
fornecedores de gás natural, principalmente da Rússia.
O
levantamento da KPMG também aponta que, apesar da abundância e do preço
competitivo, um dos fatores de risco que é discutido globalmente é que o
fraturamento hidráulico das rochas de xisto para a retirada do gás pode
causar contaminações nos lençóis freáticos.
Na visão de
Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE), a Agencia Nacional do Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (ANP) deveria realizar levantamentos sísmicos, estudos
aprofundados sobre o potencial do País em gás não convencional.
O governo, segundo ele, tem de analisar a questão, e não pode ficar
fora do processo. Nos Estados Unidos, a extração do gás não convencional
foi impulsionada após incentivos dados pelo governo, como a redução dos
royalties.
"Aqui poderia acontecer o mesmo. São necessários
estímulos, incluindo desoneração fiscal e linhas de financiamento com
juros mais baixos do BNDES", avalia Pires.
De acordo com
Marcelo Mendonça, gerente técnico da consultoria Gas Energy, o País
necessita de um marco regulatório adequado para que as empresas possam
investir com segurança. "A nossa legislação não está preparada, é
relacionada ao gás natural, que tem o modelo baseado na produção de
petróleo", destaca o especialista.
Quanto aos possíveis riscos
ambientais, Mendonça afirma que foram desenvolvidas técnicas e
parâmetros a serem seguidos para controlá-los. "Não há nada de
proibitivo. Cada tipo de exploração exige cuidados específicos",
comenta.
Pioneirismo. A Petra Energia pode ser considerada a
pioneira na investigação do gás não convencional no Brasil,
especialmente na Bacia do São Francisco, em Minas Gerais.
Isso
porque a companhia, que mantém uma equipe de 150 profissionais,
concentra sua atuação em bacias terrestres de fronteiras exploratórias,
locais que ficaram sem investigação no País. Dessa forma, a Petra não
descarta qualquer possibilidade de descobertas de gás ou óleo
relacionadas aos reservatórios não convencionais do tipo shale gas
(proveniente das camadas das rochas de xisto) e tight sands (proveniente
de um tipo de arenito).
A Petra já coletou 21 mil quilômetros
de sísmica 2D, o maior levantamento aerogeofísico realizado, além de ter
feito 17 perfurações exploratórias. "Nossos levantamentos indicam
existência de diferentes tipos de prospectos, entre eles, alguns não
convencionais, cujo volume está em avaliação", informou em nota a
companhia.
Atuação. A Petra detém concessão de 24 blocos
exploratórios na Bacia do São Francisco, numa área que envolve cerca de
103 municípios mineiros. Na Bacia do Amazonas, a empresa possui a
concessão de um único bloco.
Já na Bacia do Paraíba, a empresa
conta com mais 7 áreas exploratórias em parceria com as empresas OGX e
MPX, do empresário Eike Batista, onde já foram anunciadas duas
descobertas de gás em reservatórios convencionais.
A produção de gás natural da Petra Energia está programada para o início de 2013.
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