domingo, 21 de outubro de 2012

GÁS DE XISTO TEM FUTURO PROMISSOR

Apesar do baixo investimento, o País tem potencial para se transformar no segundo maior produtor de gás proveniente das rochas de xisto (shale gas) das Américas, ficando apenas atrás dos Estados Unidos, segundo relatório do Instituto de Energia da KPMG Global.

A consultoria se baseia em um levantamento da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre reservas estimadas dessa fonte energética, no qual o Brasil aparece em 10.º lugar no mundo. Os três primeiros líderes em disponibilidade projetada são China, Estados Unidos e Argentina.

"O Brasil tem uma reserva importante de shale gas e deve considerá-la em uma política de mercado envolvendo todas as matrizes energéticas. Isso deve constar no planejamento de médio e longo prazos", diz Manuel Fernandes, sócio da KPMG na área de Óleo e Gás.

De acordo com ele, ainda não foi dada a devida atenção ao shale gas porque há muito foco nas reservas tradicionais. "O gás do pré-sal terá de ser processado, há todo um investimento a ser feito", comenta.

Contudo, ele acredita que o governo federal deverá colocar mais ênfase nessa discussão daqui para a frente. "O governo não pode desprezar essa questão. A presidente Dilma Rousseff sabe a complexidade que é garantir energia de boa qualidade em todos os cantos de um país continental."

No mundo, os Estados Unidos já utilizam o gás proveniente das rochas de xisto em escala comercial. Alguns países do Leste Europeu também têm produzido comercialmente, embora em pequenos volumes.

O estudo da KPMG mostra que, na América do Sul, o governo argentino é o que tem dado maior atenção ao tema e o país concentra mais investimentos. Segundo a consultoria, a China, por sua vez, conta com um plano estratégico do governo e tem fechado parcerias com empresas americanas para adquirir tecnologias e, assim, reduzir a dependência de fornecedores de gás natural, principalmente da Rússia.

O levantamento da KPMG também aponta que, apesar da abundância e do preço competitivo, um dos fatores de risco que é discutido globalmente é que o fraturamento hidráulico das rochas de xisto para a retirada do gás pode causar contaminações nos lençóis freáticos.

Na visão de Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a Agencia Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) deveria realizar levantamentos sísmicos, estudos aprofundados sobre o potencial do País em gás não convencional.

O governo, segundo ele, tem de analisar a questão, e não pode ficar fora do processo. Nos Estados Unidos, a extração do gás não convencional foi impulsionada após incentivos dados pelo governo, como a redução dos royalties.

"Aqui poderia acontecer o mesmo. São necessários estímulos, incluindo desoneração fiscal e linhas de financiamento com juros mais baixos do BNDES", avalia Pires.

De acordo com Marcelo Mendonça, gerente técnico da consultoria Gas Energy, o País necessita de um marco regulatório adequado para que as empresas possam investir com segurança. "A nossa legislação não está preparada, é relacionada ao gás natural, que tem o modelo baseado na produção de petróleo", destaca o especialista.

Quanto aos possíveis riscos ambientais, Mendonça afirma que foram desenvolvidas técnicas e parâmetros a serem seguidos para controlá-los. "Não há nada de proibitivo. Cada tipo de exploração exige cuidados específicos", comenta.

Pioneirismo. A Petra Energia pode ser considerada a pioneira na investigação do gás não convencional no Brasil, especialmente na Bacia do São Francisco, em Minas Gerais.

Isso porque a companhia, que mantém uma equipe de 150 profissionais, concentra sua atuação em bacias terrestres de fronteiras exploratórias, locais que ficaram sem investigação no País. Dessa forma, a Petra não descarta qualquer possibilidade de descobertas de gás ou óleo relacionadas aos reservatórios não convencionais do tipo shale gas (proveniente das camadas das rochas de xisto) e tight sands (proveniente de um tipo de arenito).

A Petra já coletou 21 mil quilômetros de sísmica 2D, o maior levantamento aerogeofísico realizado, além de ter feito 17 perfurações exploratórias. "Nossos levantamentos indicam existência de diferentes tipos de prospectos, entre eles, alguns não convencionais, cujo volume está em avaliação", informou em nota a companhia.

Atuação. A Petra detém concessão de 24 blocos exploratórios na Bacia do São Francisco, numa área que envolve cerca de 103 municípios mineiros. Na Bacia do Amazonas, a empresa possui a concessão de um único bloco.

Já na Bacia do Paraíba, a empresa conta com mais 7 áreas exploratórias em parceria com as empresas OGX e MPX, do empresário Eike Batista, onde já foram anunciadas duas descobertas de gás em reservatórios convencionais.
A produção de gás natural da Petra Energia está programada para o início de 2013.

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