terça-feira, 3 de janeiro de 2012

660 milhões de barris na Bahia

Dois campos do Recôncavo baiano poderão receber da Petrobras nos próximos anos investimentos de R$ 1 bilhão, cifra incomum para áreas naquela bacia. O valor se destina ao projeto de revitalização do Polo Dom João, que engloba os campos de Dom João e Dom João Mar, localizados em São Francisco do Conde, a cerca de 40 km de Salvador. Dom João foi descoberto em 1947 – antes mesmo da criação da Petrobras, em 1953 –, enquanto a descoberta de Dom João Mar foi em 1954 – foi o primeiro poço exploratório offshore perfurado no país.


O vultoso investimento pode ser surpreendente, mas tem justificativa. A Petrobras estima que os dois campos tenham hoje cerca de 660 milhões de barris de óleo recuperável – o campo offshore de Peregrino, operado pela Statoil na Bacia de Campos, tem reservas recuperáveis estimadas em 350 milhões de barris. Menos de 15% do volume inicial descoberto no Polo Dom João, algo em torno de 780 milhões de barris, foi produzido, por conta do alto grau de parafina no óleo.



Atualmente, os dois campos produzem cerca de 450 barris/dia, através de seis poços produtores e sete injetores de água. Com o start up, que vai demandar investimentos de R$ 230 milhões, a petroleira espera atingir uma produção de 2.500 b/d até 2013. Essa primeira etapa de revitalização prevê a perfuração de 40 poços, com o uso de duas sondas para perfuração de poços verticais no campo terrestre e outras duas para o campo offshore.



Como o reservatório é maduro e possui baixa pressão, a Petrobras utiliza a injeção de água como método de recuperação secundária em Dom João e Dom João Mar. A água é bombeada de um reservatório aquífero localizado em nível inferior ao de óleo para injeção nos campos sem precisar chegar à superfície. Isso também elimina a necessidade de levar água até a região.



A Petrobras tentou usar vapor e também água quente para aumentar o fator de recuperação das áreas. Isso, entretanto, se mostrou economicamente inviável. 



Tecnologia inédita



A Petrobras está perfurando os primeiros poços da terra para o mar. A meta é fazer as campanhas com o mínimo de deslocamento possível das sondas, o que evitaria danos ambientais e facilitaria o licenciamento em uma área ambientalmente muito sensível.



A perfuração em Dom João Mar, aliás, traz uma novidade que poderá destravar outros projetos de águas rasas próximos da costa. A Petrobras vai utilizar uma sonda de travessia, muito usada na construção civil para cruzar rios, para abrir os poços. Os furos são feitos a partir do continente, com alto ângulo de inclinação. A tecnologia, desenvolvida e patenteada pela Petrobras no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), está sendo usada por uma empresa de petróleo pela primeira vez em todo o mundo.



O primeiro teste da tecnologia foi feito com uma sonda afretada, do tipo cross rig. Posteriormente, a Petrobras adaptou uma pequena sonda de perfuração de poços de água da Cobrasper. “Deu certo. Agora estamos fabricando sondas no Brasil para este projeto”, comemora o gerente-executivo de E&P Norte/Nordeste da Petrobras, Cristovam Penteado, entusiasta do empreendimento e responsável pela revitalização no Polo Dom João.



A petroleira já perfurou poços na área com 3.200 m de extensão. O próximo passo é alcançar um objetivo de 6.000 m.



Ilhas artificiais



O projeto de revitalização prevê ainda duas novas fases contingentes ao resultado obtido nesta primeira etapa. Se tudo der certo, a produção das duas áreas poderá atingir 9.000 b/d, com a perfuração de mais 90 poços.



O grande desafio das etapas futuras é atingir o final do ring fence de Dom João Mar, distante 12 km da costa. Para isso, a Petrobras pode vir a construir duas ilhas artificiais, de onde partiria a perfuração dos poços. A ideia já foi, inclusive, apresentada ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cepram), órgão consultivo da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia.



A intenção, contudo, é fazer os poços a partir da terra e evitar a construção das ilhas. “Estamos querendo abrir mão das ilhas. Sua aplicação sem dúvida terá um impacto, e queremos evitar ter de aprovar isso”, comenta Penteado.



A concessão do Polo Dom João vai até 2027. A segunda e a terceira etapas do projeto também dependerão de uma prorrogação da concessão, já que os investimentos podem prolongar a vida produtiva da área para até 2050, de acordo com cálculos iniciais da Petrobras.



“Para chegar ao pré-sal, o primeiro passo foi de fato Dom João, que tinha 3 m a 4 m de lâmina d’água”, conclui Penteado.


Fonte: Brasil Energia

Um comentário:

  1. Em Dom João, os poços onshore perfurados não serão verticais como no texto e sim horizontais, como são reservatórios rasos eles querem aumentar a área de contato com o reservatório e assim obter esse acréscimo de produção.

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